O tratamento oncológico e os efeitos no coração
A sobrevida dos pacientes oncológicos vem aumentando progressivamente, devido aos avanços no tratamento e no diagnóstico das neoplasias. Entretanto, essa melhora pode ser limitada pelos efeitos adversos associados ao tratamento antitumoral. Particularmente, a cardiotoxicidade pode comprometer a efetividade da terapia antineoplásica, independentemente do prognóstico oncológico, afetando a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes.
As antraciclinas, como a doxorrubicina, e os anticorpos monoclonais anti-HER2, como o trastuzumab, são as substâncias mais frequentemente associadas a cardiotoxicidade. Porém, vários outros quimioterápicos podem levar a alterações cardiovasculares transitórias ou definitivas, como hipertensão arterial, arritmia, vasoespasmo coronariano, disfunção miocárdica, tromboembolismo arterial ou venoso e doenças do pericárdio.
Os fatores associados a um maior risco de cardiotoxidade são: doença cardíaca prévia, fatores de risco cardiovasculares prévios (diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia, tabagismo e obesidade), sexo feminino, idade inferior a 18 anos ou superior a 50 anos (trastuzumabe) ou 65 anos (antraciclinas), radioterapia torácica ou mediastinal, dose acumulada elevada de antraciclina e uso combinado de mais de um quimioterápico com risco de cardiotoxicidade.
Nesse contexto, o cardio-oncologista tem um grande papel na avaliação inicial cuidadosa pré-quimioterapia, com controle adequado dos fatores de risco cardiovasculares preexistentes, seguido por monitorização periódica de sinais precoces de toxicidade cardiovascular e implementação de medidas preventivas ou terapêuticas adequadas.
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